11/08/06

assim me aconteces


a poesia meu amor é uma velha tirana
pobres de nós que nos fixamos numa nuvem
à espera que o céu desate o nó do poema
e por um instante (ilusório)
até nos sentimos coroados de inspiração
puro engano.
a poesia está em ti
que não és verso obrigatório
nem um colapso divino
digamos que és chão e paraíso
numa mesma pessoa
e a forma como te esfregas nas palavras
torna a tua pele num raro manuscrito.
quando me perguntas em carta fechada
se eu quero voz ou carne
respondo-te com uma inexplicável sede de absoluto
quero parcelas mínimas da tua carne macia
seremos
corpos fundidos
numa oficina de escrita




(fotografia de paulo evangelista)

2 comentários:

Anónimo disse...

no primeiro dia sem ti
o luar grita, meu amor
deste lado mais branco
ouve-se o canto virgem
dos livros por escrever
sabes que te deito e velo
todas as noites te adormeço
perto das palavras puras
quantas voltas tem o mundo
quando o sono te abraça?
onde estás pontuado na
vírgula do sonho que te leva?
como perdoar a literatura
por te aprisionar num poema?
diz-me que há algodão
dentro das estrelas
dá-me a tua mão nuvem

Anónimo disse...

Durante este mes tem chuvido e te arrancaram do meu lado, era ao meu lado que te queria...
Tenho ciumes, estas ausente...
Choro de amor e de aborrecimento...
Jamais te amei tanto como neste momento.
Este ar doce e morno que me excita esparce primavera...
Sabes quanto te adoro, quanto... quanto...