01/08/06

inquietude



perdoa o meu silêncio
rio circunscrito
pelo branco apagado da ausência

este escombro
que escala o dia
caminho arenoso
onde o recorte da lua não chega.

perdoa o gesto cobarde
de te provar no deserto da noite
e não te chamar

os lábios calcinados
a pele emigrada
a voz submersa

só não perdoa esta
voragem no olhar
que te procura como um dardo
ávido.


(quadro de cézanne)

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