01/08/06

levo-te ao azul



de partida para um lugar com telhados de silêncio
levo-te para não morrer nos braços exaustos do vazio
vais comigo com a tua mão desconhecida
a pontuar cada segundo de saudade
levo-te como se transportasse um segundo coração
oxigenado pelo que há-de vir
um fato de mergulhador
para tocar a mais secreta estrela do mar
cingida por algas
levo-te porque nenhuma palavra pode encher
este vaso de sol que desponta
em cada palavra tua
levo-te às cavalitas do sonho
na adolescente foueira
onde ardem todas as sebes
todos os limites
levo-te em contramão
para transgredir docemente
as estradas e ruas e caminhos
os desejos de sentido único
levo-te simplesmente porque
tu és o meu farol que varre
todos os poros interditos
uma vela ao rubro
na mais fechada escuridão
levo-te no verso inacabado
porque o poema só
termina
quando acordares a meu lado




(fotografia de manfrad shneider)

1 comentário:

Anónimo disse...

AUSÊNCIA
Nunca deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia M B Anderesen