20/08/06

terra sem mal



voltarei à terra sem mal.
ressuscitar à sombra de uma acácia
enfartar-me de infinito
no céu abundante.
descer pela encosta de uma pálpebra.
pousar uma lágrima
no vaso da infância.
voltarei.
sem máscara de amianto
para me defender
dos sinos de fogo.
sem véus nem espadas
para enfrentar a solidão.
terra sem mal
andas comigo
num verso inacabado.
o poema só termina
no dia
em que acordar
a teu lado.




(quadro de paul gauguin)

2 comentários:

Anónimo disse...

deve ser verdade, meu amor
estou a envelhecer
pela inclinação da luz
que as gruas despejam nas fachadas
percebo a burocracia das obras
que arrasa o teu coração

Calisto disse...

Depois das brigas com as palavras, podemos ver pronomes rendidos a trocar de letras...