procura-se
não passas de um oculto asterisco. nota mordiscada de batôn. no último capítulo. do livro que há muito abandonaste. na mesa do pequeno-almoço. não é à toa. que ao teu nome já mal soletrado. acrescento o fôlego estival dos pássaros. não é em vão. que pagino uma vêrtebra de fogo. na branca erosão de mais um dia. sem vestígios. estivesses tu. numa qualquer página de jornal. o resumo das horas era outro. talvez menos literário. talvez menos sonhador. eras notícia. breve que fosse. mobilava o vazio. aproximavas-te. adubavas a terra. onde aos domingos. é meu costume. colher sementes desirmanadas. li todos os jornais. em nenhum. encontrei uma insignificância. um detalhe da tua existência. perdido em mil caracteres de futilidades. só não consultei o obituário. porque me recuso. a confirmar. pelos jornais. o teu definitivo. desaparecimento.
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(fotografia de rafael matos)
2 comentários:
Nunca foi tao bela a mentira como na tua boca. no meio de pequenas verdades banais. eram o mundo que eu amava. mentira solta sem esforco. como chuva que caía sobre a terra árida.
Nunca a mentira foi tao doce. palavras apaixonadas . mas ditas...
Nunca tanta dor se juntou numa ferida...
No obituário não, provavelmente não... Além disso, as más notícias correm depressa...
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