17/10/06

oxalá


oxalá. teus olhos descalços. atinjam um dia. o cume da rota desconexa. por certo. encontrarás um rio pasmado. água que não move engenhos. corrente que não alcança. a pele árida de um frouxo sentimento. da varanda onde me encontro. a proa do infinito. toca o manto de pólen. que nossos corpos. desprendem. demoradamente. na foz do desejo. nunca chegaremos a estrangular. o caudal suave do beijo. nem o pináculo de flanela. onde ensaiamos uma e outra caricía. oxalá. teus lábios. acompanhem. o lento refrão do rio. a trova do amor. choque de pestanas. em câmara lenta.





(fotografia de autor desconhecido)

1 comentário:

Anónimo disse...

Que texto tão afectuoso.tanta ternura. gostei muito.Obgd

"E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha
Um coração ardente, palpitando..."

Florbela Espanca

Beijinho