07/12/06


quero
escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho


e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados



deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros


mas não lego
mapa nem bússola
por que andei sempre
sobre meus pés

e doeu-me
às vezes
viver


hei-de inventar
um verso que vos faça justiça



por ora
basta-me o arco-íris


em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço


companheiros









(poema de mia couto, fotografias de rudolfo elias)

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