16/09/06

as velas ardem até ao fim



(título do romance de Sándor Márai)


ardem até ao fim. as velas. e nunca chegas. a noite fina-se. secam as últimas lágrimas de cera no castiçal. vigília ingrata. não há noticias. um toque de telemóvel. um ranger de unhas na porta entreaberta. nem que fosse só a tua respiração. sobressalto em noite escura. nada. deixo o pijama aos pés da cama. para que percebas que sou eu. quem te espera. deitado em socalcos. aguardo que te dispas. degrau a degrau. peça a peça. abraço-me a um corpo inexistente. vulto atraiçoado pelas sombras do alvorecer. de dia. a mesma ausência. prometeste que chegavas pela berma do rio. que te distinguias pelo chapéu. que vinhas bordada de azul. e a corrente arrasta apenas juncos. folhas amarelecidas que desertam do exílio do verão. contratei um guarda-rios. que garantia a tua passagem. segura. pelo curso de água combinado. e só desembarcam gaivotas cansadas. peixes mortos. é assim a minha dor: mastigo os lábios. sem dizer uma palavra. e só uma caricía nómada. pode agora. comprovar que chegaste mesmo. esperar que venhas em pontas. que me cegues com as mãos em rede . me digas baixinho: adivinha quem sou eu!


*

(quadro de monet)

3 comentários:

Anónimo disse...

Essa vela nunca ardera
Sera eterna
Resistira a dor
Aos dias e anos
Por muito que queme
Ficara sempre
Su RASTRO

Anónimo disse...

gostei da reportagem na rtp2 sobre o nordeste brasileiro...continua a mandar noticias do outro lado de la,pa...

Anónimo disse...

Adivina quien soy yo, Cariño!

Viaje de tierras lejanas para llejar hasta tus brazos.
La nostalgia no puede oscurecer tu sonrisa, la ausencia menos...
Al caer de la tarde entre ráfagas, olas, rayos e el rio embravecido el capitan grito ¨la lancha es virgen y la mujer doncella¨. Luego en nombre del Amor las olas me ayudaran a llegar hasta tus labios que buscan la joya del instante entre dos muslos...

Aqui estoy, Cariño mio!

Besito...