gps

atiro-me à estrada. de GPS. modernaço sitema de navegação. implantado no lado esquerdo do peito. vou. com este guia cego. que não tem voz de gente. nem hesitações. inseguranças. nunca se engana. como a tua voz. por exemplo. que a meu lado. fala de caminhos incongruentes. quando. a certa altura ordena. vira agora aqui á direita. aproveita a esteira do farol. dá-me um beijo. e nesse entretanto. já não sabemos. que placa. que direcção tomar. mas já não estás aqui. para nos perdermos. por isso. comprei um gps. não para vigiar os teus passos. ou descobrir as pequenas alíneas. de secretas deambulações. só quero ajuda. dessa voz fantasma. para me inteirar das artérias. de ruelas ingremes. onde o teu cheiro. é um lugar desviado de mim. uma casa acordada no topo da falésia. e se. um dia. descobrir o monte. que descreves em cartas breves. onde colhes giestas. e provas uvas brancas. nesse dia. sou um homem-gps. pronto a explodir. no teu avental. de camponesa. exilada.


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(quadro de luís pinto coelho)