mãos nos bolsos
um corpo. todo. vertido no olhar. e as minhas mãos entrincheiradas. no cotão dos bolsos. a fronteira que nos divide. é uma luva esgaçada. um biombo que ergues na vastidão do silêncio. magoado. sento-me a teu lado. e é como se estivesse na outra ponta da sala. a mendigar um arrepio. as palavras são agora concessionárias de lojas de conveniência. e não adianta saldar metáforas da nova colecção. porque se me olhas assim. porque se te afastas de mim. é porque tudo o que sonhei. tu sabes. corre na pulsação de uma carícia. e essa roupa não te serve. nem nas terras do oriente. encontrarei um lenço. para te oferecer. na esperança que as tuas mãos estremeçam. és um arbusto quieto. no meio da tempestade. por isso. te sentas tão longe. de mim. estudas a distãncia. cálculo matemático. nove. noves fora nada.
(fotografia de helio salmon)
2 comentários:
E se as tuas mãos sairem dos bolsos, e se deixares de ter o corpo vertido... quem sabe as mãos dela estremeçam à ousadia inesperada, quem sabe lhe baralhes os cálculos da distancia.
Quem sabe esquece a matemática e se torna poeta...
Isabel
A Matemática nunca foi das minhas disciplinas favoritas na escola...
Enviar um comentário