10/10/06

o beijo




é no bosque claro do teu umbigo
que a concha abre um sorriso salino
leque de suor
cachoeira de espuma
é no teu ventre
que as flores derramam sementes de luar
é nos teus lábios pequenos
que a minha língua se lembra
quando ao anoitecer
o meu corpo já não sabe medir
a latitude da fome
é de ti
que o meu sangue pede
que regresses
por uma ponte móvel
por um cargueiro clandestino
por uma porta traseira
tudo porque é num pátio
inacessível aos outros
que as nossas bocas
manejam
em liberdade
as alavancas do desejo




(quadro de klimt)

3 comentários:

Anónimo disse...

Lindo, lindo. Obgd um beijinho grande para ti também.

Anónimo disse...

"é num pátio inacessível aos outros que as nossa bocas manejam em liberdade as alavancas do desejo"

Adorei o texto, especialmente esta frase. Só tu podes escrever com tanta ternura. Obgd. Beijinho

Anónimo disse...

Hoje retorno de viajem.
Por um cargueiro clandestino.
Não sei a que horas chegarei
Espera por mim, do outro lado
da ponte.
Besos