06/09/06

soltem o poema


alguém velou o céu. com olhos de cinza. alguém alcatroou as nuvens. com maõs de fumo. alguém trespassou a gaivota. com lanças cobardes. alguém acorrentou o verão. com ferramentas de vilão. alguém anoiteceu o dia. com biombos de farsante. alguém estilhaçou a alma. com truques de faquir. alguém feriu a rosa. com a foice do vento. alguém espezinhou o verso. com patas de monstro . alguém quer matar o poema. alguém se atreverá a riscar do céu o rasto de um gavião?




(fotografia de antónio delicado)

2 comentários:

kikas disse...

Não há alguem algum mais forte que a nossa alma, não há alguem algum que penetre nela se assim não o desejar-mos.
Este poema esta lindissimo

Anónimo disse...

Este sere é simplesmente "alguem" que não tem rosto, nem expressão, muito menos sentimentos. Não identifica um verso, detesta a poesia, mas não pode contra o amor...

Parabens pelo seu texto.